Afroturismo: O que você precisa saber sobre o Turismo que celebra a Cultura Negra.
- Cristiano L Cazarotto
- 19 de mar.
- 6 min de leitura
Atualizado: 20 de mar.

O que é Afroturismo?
O Afroturismo é mais do que uma simples viagem – é uma experiência transformadora que resgata histórias, valoriza tradições e coloca a cultura afrodescendente no centro do turismo.
Diferente do turismo tradicional, que muitas vezes ignora a narrativa negra, o Afroturismo exalta o protagonismo das comunidades afrodescendentes, promovendo visitas a quilombos, festivais culturais, terreiros, museus e outros locais históricos que marcaram a resistência negra no Brasil e no mundo.
Segundo Oliveira et al. (2021), o Afroturismo “transforma o visitante em um participante ativo, capaz de vivenciar diretamente a essência cultural e espiritual do local que visita”. Ele rompe com as estruturas coloniais do turismo convencional e promove uma experiência decolonial, onde a comunidade negra não é apenas objeto de visitação, mas protagonista de sua própria história.
Por que o Afroturismo é essencial?
O Afroturismo não é apenas sobre lazer – ele promove o empoderamento das comunidades negras, resgatando memórias apagadas e proporcionando impacto social e econômico.
Veja seus principais benefícios:
✔ Resgate da História Afrodescendente
Muitas narrativas foram silenciadas pelo colonialismo. O Afroturismo traz à tona a memória da resistência negra, permitindo que as comunidades contem suas próprias histórias.
✔ Geração de renda para comunidades afrodescendentes
Ao participar de roteiros afroturísticos, você fortalece afroempreendedores, guias turísticos negros e comunidades quilombolas, garantindo que os benefícios econômicos do turismo sejam distribuídos de forma justa.
✔ Conexão profunda com a cultura negra
Em vez de uma experiência turística superficial, o Afroturismo promove imersão autêntica, seja em uma roda de capoeira, no candomblé ou em uma vivência quilombola.
✔ Educação e combate ao racismo estrutural
Segundo Cruz e Leoti (2023), "o Afroturismo rompe barreiras preconceituosas e fortalece os laços de respeito entre turistas e comunidades locais". Ele combate estereótipos e incentiva um turismo inclusivo e antirracista.
10 ERROS QUE VOCÊ NÃO DEVE COMETER NO AFROTURISMO.
O Afroturismo é uma prática que envolve respeito, consciência e valorização da cultura afrodescendente. Para garantir que a experiência seja genuína e benéfica tanto para os turistas quanto para as comunidades anfitriãs, algumas atitudes devem ser evitadas. Aqui estão os 10 principais erros a não cometer no Afroturismo:
❌ 1. Não Exotificar ou Fetichizar a Cultura Negra
🚫 O que evitar:
Tratar as pessoas negras e quilombolas como atrações exóticas ou folclóricas.
Pedir para tirar fotos de moradores sem consentimento, como se fossem parte do cenário.
Fazer perguntas invasivas sobre a aparência, cabelos, danças ou rituais, como se fossem "curiosidades exóticas".
✅ O que fazer:
Encare a experiência com respeito e empatia, valorizando as tradições de maneira autêntica.
Peça permissão antes de tirar fotos e, se possível, compreenda a história por trás das expressões culturais.
❌ 2. Não Reproduzir Estereótipos Racistas
🚫 O que evitar:
Falar sobre a cultura afrodescendente de forma genérica, sem reconhecer a diversidade entre as comunidades quilombolas e afro-brasileiras.
Assumir que todas as pessoas negras sabem tocar tambor, dançar capoeira ou que seguem religiões de matriz africana.
Usar termos pejorativos ou depreciativos ao se referir a tradições afro-brasileiras.
✅ O que fazer:
Pesquise sobre a cultura antes da visita e vá de mente aberta para aprender com as próprias comunidades.
Utilize termos corretos e respeitosos ao se referir às práticas culturais e religiosas.
❌ 3. Não Desrespeitar Espaços Religiosos e Rituais
🚫 O que evitar:
Entrar em terreiros de Candomblé ou Umbanda sem autorização ou sem estar acompanhado por um guia autorizado.
Fazer piadas ou comentários desrespeitosos sobre práticas religiosas de matriz africana.
Fotografar rituais sagrados sem permissão.
✅ O que fazer:
Respeite os momentos de fé e espiritualidade como parte essencial da identidade afro-brasileira.
Se for convidado a participar, pergunte como se portar e siga as orientações locais.
❌ 4. Não Contribuir com a Exploração Econômica das Comunidades
🚫 O que evitar:
Negociar preços injustamente ou tentar pagar valores muito baixos por artesanato e serviços.
Participar de passeios organizados sem envolvimento direto das comunidades afrodescendentes.
Se hospedar em locais que exploram a cultura afro-brasileira sem beneficiar as comunidades locais.
✅ O que fazer:
Apoie o afroempreendedorismo, comprando de artesãos, comendo em restaurantes locais e contratando guias quilombolas.
Escolha experiências conduzidas pelas próprias comunidades, garantindo que o retorno econômico vá para elas.
❌ 5. Não Ignorar o Contexto Histórico e Político
🚫 O que evitar:
Minimizar a importância da luta quilombola e da resistência negra.
Fazer perguntas desrespeitosas sobre a escravidão, tratando-a apenas como um "detalhe histórico".
Comparar a vivência de afrodescendentes no Brasil com realidades de outros países sem compreender as diferenças estruturais.
✅ O que fazer:
Aprenda sobre a história antes da visita para compreender o peso simbólico e a relevância dos espaços.
Reconheça que o Afroturismo é também uma ferramenta de reparação histórica e valorização da cultura negra.
❌ 6. Tratar o Turismo Quilombola Como Um “Passeio de Entretenimento”
🚫 O que evitar:
Encarar a visita a quilombos como apenas um "lugar diferente para tirar fotos".
Chegar sem conhecer minimamente o contexto de luta das comunidades.
Fazer perguntas desconfortáveis sobre questões econômicas e sociais, sem sensibilidade para a realidade dos moradores.
✅ O que fazer:
Vá para ouvir e aprender, e não apenas para consumir uma experiência turística.
Participe das atividades com respeito e valorize os momentos de troca cultural.
❌ 7. Ir com Expectativa de “Show” e Não de Vivência
🚫 O que evitar:
Esperar que a comunidade quilombola se apresente apenas para seu entretenimento.
Exigir que haja dança, música ou algum tipo de performance sempre que visitar um quilombo ou um evento afro.
Comparar as experiências de Afroturismo com espetáculos turísticos convencionais.
✅ O que fazer:
Respeite o tempo e o contexto das comunidades. Nem sempre haverá apresentações artísticas e isso não diminui a importância da visita.
Valorize o conhecimento passado nas rodas de conversa, oficinas e caminhadas pelo território.
❌ 8. Apropriação Cultural
🚫 O que evitar:
Usar trajes típicos afro-brasileiros sem saber seu significado.
Fazer pinturas corporais ou turbantes sem compreender o que representam.
Tentar recriar elementos religiosos ou culturais em contextos fora de propósito.
✅ O que fazer:
Se quiser usar vestimentas afro-brasileiras, compre diretamente de produtores afrodescendentes e pergunte sobre o significado.
Apoie a cultura negra sem tirar proveito dela ou desrespeitar sua simbologia.
❌ 9. Desconsiderar as Regras das Comunidades
🚫 O que evitar:
Achar que todos os espaços estão sempre abertos à visitação sem agendamento prévio.
Não seguir as recomendações locais sobre comportamento e vestimenta.
Falar alto ou interromper atividades da comunidade.
✅ O que fazer:
Informe-se antes de ir e siga todas as orientações de respeito ao espaço e às tradições locais.
Lembre-se de que você está em um território que tem seus próprios costumes e regras.
❌ 10. Não Compartilhar o Conhecimento Após a Experiência
🚫 O que evitar:
Tratar a experiência como algo passageiro, sem refletir sobre o impacto que ela causou em você.
Não repassar as informações aprendidas para amigos, familiares e redes sociais.
✅ O que fazer:
Compartilhe o que aprendeu e incentive outras pessoas a conhecerem o Afroturismo.
Indique roteiros, afroempreendedores e experiências respeitosas para quem deseja vivenciar esse turismo de forma consciente.
🌍 Viajando com Consciência e Respeito
O Afroturismo é uma oportunidade de aprender, apoiar e transformar a forma como o turismo acontece no Brasil. Mais do que uma experiência, é um movimento de valorização e reparação histórica para as comunidades afrodescendentes.
Respeite, valorize e amplifique as vozes da cultura negra!
Como Apoiar e Vivenciar o Afroturismo?
Se você quer fazer parte dessa revolução, aqui estão algumas dicas práticas:
✅ Escolha roteiros e guias afrocentrados
Evite experiências que exotificam a cultura negra e busque iniciativas que envolvem lideranças afrodescendentes. Plataformas como Diaspora.Black são ótimas opções.
✅ Compre de afroempreendedores
Artesãos, chefs de cozinha, músicos e guias negros desempenham um papel essencial na valorização cultural e econômica.
✅ Respeite a cultura e os espaços sagrados
Muitos dos locais visitados no Afroturismo têm uma forte carga espiritual e histórica. Visite com respeito e esteja aberto ao aprendizado.
✅ Divulgue e incentive
Quanto mais pessoas conhecerem e praticarem o Afroturismo, maior será seu impacto social!
✈ Pronto para transformar sua próxima viagem?
O Afroturismo não é apenas uma forma de conhecer o mundo – é um ato de resistência, aprendizado e valorização da cultura negra.
💬 Você já viveu uma experiência afroturística? Conta aqui nos comentários e marque alguém que precisa conhecer essa revolução! 🏾
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🔍 Referências Bibliográficas
OLIVEIRA, J. L. S.; SANTOS, D. R.; CAVALCANTE, J. S. Religiões Afro-brasileiras e Afroturismo: valorização e preservação da diversidade cultural. Revista de Turismo e Diversidade Cultural, 2021.
CRUZ, R. S.; LEOTI, A. Afroturismo enquanto fator de equidade social e reconhecimento histórico da população negra no Brasil. Boletim de Conjuntura, 2023.
DIASPORA.BLACK. Plataforma de Afroturismo e hospedagem afrocentrada. Disponível em: https://diasporablack.com/.
TEIXEIRA, A. S. Afroturismo e o resgate da dignidade do povo negro: Estudo de caso das manifestações culturais da Casa de Oxum na Península de Itapagipe - BA. Universidade Federal da Bahia, 2023.
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