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Afroturismo: O que você precisa saber sobre o Turismo que celebra a Cultura Negra.

Atualizado: 20 de mar.


Tia Teu - Comunidade Quilombola Bem Viver  -  Vila Nova dos Poçoes  - Janaúba
Tia Teu e Grupo de Mulheres Quilombolas da Comunidade Bem Viver - Quilombo Bem Viver - Vila Nova dos Poções

O que é Afroturismo?


O Afroturismo é mais do que uma simples viagem – é uma experiência transformadora que resgata histórias, valoriza tradições e coloca a cultura afrodescendente no centro do turismo.

Diferente do turismo tradicional, que muitas vezes ignora a narrativa negra, o Afroturismo exalta o protagonismo das comunidades afrodescendentes, promovendo visitas a quilombos, festivais culturais, terreiros, museus e outros locais históricos que marcaram a resistência negra no Brasil e no mundo.

Segundo Oliveira et al. (2021), o Afroturismo “transforma o visitante em um participante ativo, capaz de vivenciar diretamente a essência cultural e espiritual do local que visita”. Ele rompe com as estruturas coloniais do turismo convencional e promove uma experiência decolonial, onde a comunidade negra não é apenas objeto de visitação, mas protagonista de sua própria história.


Por que o Afroturismo é essencial?


O Afroturismo não é apenas sobre lazer – ele promove o empoderamento das comunidades negras, resgatando memórias apagadas e proporcionando impacto social e econômico.


Veja seus principais benefícios:

✔ Resgate da História Afrodescendente 
  • Muitas narrativas foram silenciadas pelo colonialismo. O Afroturismo traz à tona a memória da resistência negra, permitindo que as comunidades contem suas próprias histórias.

✔ Geração de renda para comunidades afrodescendentes 
  • Ao participar de roteiros afroturísticos, você fortalece afroempreendedores, guias turísticos negros e comunidades quilombolas, garantindo que os benefícios econômicos do turismo sejam distribuídos de forma justa.

✔ Conexão profunda com a cultura negra 
  • Em vez de uma experiência turística superficial, o Afroturismo promove imersão autêntica, seja em uma roda de capoeira, no candomblé ou em uma vivência quilombola.

✔ Educação e combate ao racismo estrutural
  • Segundo Cruz e Leoti (2023), "o Afroturismo rompe barreiras preconceituosas e fortalece os laços de respeito entre turistas e comunidades locais". Ele combate estereótipos e incentiva um turismo inclusivo e antirracista.


10 ERROS QUE VOCÊ NÃO DEVE COMETER NO AFROTURISMO.


O Afroturismo é uma prática que envolve respeito, consciência e valorização da cultura afrodescendente. Para garantir que a experiência seja genuína e benéfica tanto para os turistas quanto para as comunidades anfitriãs, algumas atitudes devem ser evitadas. Aqui estão os 10 principais erros a não cometer no Afroturismo:


❌ 1. Não Exotificar ou Fetichizar a Cultura Negra

🚫 O que evitar:

  • Tratar as pessoas negras e quilombolas como atrações exóticas ou folclóricas.

  • Pedir para tirar fotos de moradores sem consentimento, como se fossem parte do cenário.

  • Fazer perguntas invasivas sobre a aparência, cabelos, danças ou rituais, como se fossem "curiosidades exóticas".

O que fazer:

  • Encare a experiência com respeito e empatia, valorizando as tradições de maneira autêntica.

  • Peça permissão antes de tirar fotos e, se possível, compreenda a história por trás das expressões culturais.


❌ 2. Não Reproduzir Estereótipos Racistas

🚫 O que evitar:

  • Falar sobre a cultura afrodescendente de forma genérica, sem reconhecer a diversidade entre as comunidades quilombolas e afro-brasileiras.

  • Assumir que todas as pessoas negras sabem tocar tambor, dançar capoeira ou que seguem religiões de matriz africana.

  • Usar termos pejorativos ou depreciativos ao se referir a tradições afro-brasileiras.

O que fazer:

  • Pesquise sobre a cultura antes da visita e vá de mente aberta para aprender com as próprias comunidades.

  • Utilize termos corretos e respeitosos ao se referir às práticas culturais e religiosas.


❌ 3. Não Desrespeitar Espaços Religiosos e Rituais

🚫 O que evitar:

  • Entrar em terreiros de Candomblé ou Umbanda sem autorização ou sem estar acompanhado por um guia autorizado.

  • Fazer piadas ou comentários desrespeitosos sobre práticas religiosas de matriz africana.

  • Fotografar rituais sagrados sem permissão.

O que fazer:

  • Respeite os momentos de fé e espiritualidade como parte essencial da identidade afro-brasileira.

  • Se for convidado a participar, pergunte como se portar e siga as orientações locais.


❌ 4. Não Contribuir com a Exploração Econômica das Comunidades

🚫 O que evitar:

  • Negociar preços injustamente ou tentar pagar valores muito baixos por artesanato e serviços.

  • Participar de passeios organizados sem envolvimento direto das comunidades afrodescendentes.

  • Se hospedar em locais que exploram a cultura afro-brasileira sem beneficiar as comunidades locais.

O que fazer:

  • Apoie o afroempreendedorismo, comprando de artesãos, comendo em restaurantes locais e contratando guias quilombolas.

  • Escolha experiências conduzidas pelas próprias comunidades, garantindo que o retorno econômico vá para elas.


❌ 5. Não Ignorar o Contexto Histórico e Político

🚫 O que evitar:

  • Minimizar a importância da luta quilombola e da resistência negra.

  • Fazer perguntas desrespeitosas sobre a escravidão, tratando-a apenas como um "detalhe histórico".

  • Comparar a vivência de afrodescendentes no Brasil com realidades de outros países sem compreender as diferenças estruturais.

O que fazer:

  • Aprenda sobre a história antes da visita para compreender o peso simbólico e a relevância dos espaços.

  • Reconheça que o Afroturismo é também uma ferramenta de reparação histórica e valorização da cultura negra.


❌ 6. Tratar o Turismo Quilombola Como Um “Passeio de Entretenimento”

🚫 O que evitar:

  • Encarar a visita a quilombos como apenas um "lugar diferente para tirar fotos".

  • Chegar sem conhecer minimamente o contexto de luta das comunidades.

  • Fazer perguntas desconfortáveis sobre questões econômicas e sociais, sem sensibilidade para a realidade dos moradores.

O que fazer:

  • Vá para ouvir e aprender, e não apenas para consumir uma experiência turística.

  • Participe das atividades com respeito e valorize os momentos de troca cultural.


❌ 7. Ir com Expectativa de “Show” e Não de Vivência

🚫 O que evitar:

  • Esperar que a comunidade quilombola se apresente apenas para seu entretenimento.

  • Exigir que haja dança, música ou algum tipo de performance sempre que visitar um quilombo ou um evento afro.

  • Comparar as experiências de Afroturismo com espetáculos turísticos convencionais.

O que fazer:

  • Respeite o tempo e o contexto das comunidades. Nem sempre haverá apresentações artísticas e isso não diminui a importância da visita.

  • Valorize o conhecimento passado nas rodas de conversa, oficinas e caminhadas pelo território.


❌ 8. Apropriação Cultural

🚫 O que evitar:

  • Usar trajes típicos afro-brasileiros sem saber seu significado.

  • Fazer pinturas corporais ou turbantes sem compreender o que representam.

  • Tentar recriar elementos religiosos ou culturais em contextos fora de propósito.

O que fazer:

  • Se quiser usar vestimentas afro-brasileiras, compre diretamente de produtores afrodescendentes e pergunte sobre o significado.

  • Apoie a cultura negra sem tirar proveito dela ou desrespeitar sua simbologia.


❌ 9. Desconsiderar as Regras das Comunidades

🚫 O que evitar:

  • Achar que todos os espaços estão sempre abertos à visitação sem agendamento prévio.

  • Não seguir as recomendações locais sobre comportamento e vestimenta.

  • Falar alto ou interromper atividades da comunidade.

O que fazer:

  • Informe-se antes de ir e siga todas as orientações de respeito ao espaço e às tradições locais.

  • Lembre-se de que você está em um território que tem seus próprios costumes e regras.


❌ 10. Não Compartilhar o Conhecimento Após a Experiência

🚫 O que evitar:

  • Tratar a experiência como algo passageiro, sem refletir sobre o impacto que ela causou em você.

  • Não repassar as informações aprendidas para amigos, familiares e redes sociais.

O que fazer:

  • Compartilhe o que aprendeu e incentive outras pessoas a conhecerem o Afroturismo.

  • Indique roteiros, afroempreendedores e experiências respeitosas para quem deseja vivenciar esse turismo de forma consciente.


🌍 Viajando com Consciência e Respeito

O Afroturismo é uma oportunidade de aprender, apoiar e transformar a forma como o turismo acontece no Brasil. Mais do que uma experiência, é um movimento de valorização e reparação histórica para as comunidades afrodescendentes.

Respeite, valorize e amplifique as vozes da cultura negra!


Como Apoiar e Vivenciar o Afroturismo?

Se você quer fazer parte dessa revolução, aqui estão algumas dicas práticas:

✅ Escolha roteiros e guias afrocentrados 

Evite experiências que exotificam a cultura negra e busque iniciativas que envolvem lideranças afrodescendentes. Plataformas como Diaspora.Black são ótimas opções.

✅ Compre de afroempreendedores

Artesãos, chefs de cozinha, músicos e guias negros desempenham um papel essencial na valorização cultural e econômica.

✅ Respeite a cultura e os espaços sagrados 

Muitos dos locais visitados no Afroturismo têm uma forte carga espiritual e histórica. Visite com respeito e esteja aberto ao aprendizado.

✅ Divulgue e incentive 

Quanto mais pessoas conhecerem e praticarem o Afroturismo, maior será seu impacto social!


✈ Pronto para transformar sua próxima viagem?

O Afroturismo não é apenas uma forma de conhecer o mundo – é um ato de resistência, aprendizado e valorização da cultura negra.


💬 Você já viveu uma experiência afroturística? Conta aqui nos comentários e marque alguém que precisa conhecer essa revolução! 🏾


🔁 Compartilhe e ajude a espalhar essa ideia!



🔍 Referências Bibliográficas

  • OLIVEIRA, J. L. S.; SANTOS, D. R.; CAVALCANTE, J. S. Religiões Afro-brasileiras e Afroturismo: valorização e preservação da diversidade cultural. Revista de Turismo e Diversidade Cultural, 2021.

  • CRUZ, R. S.; LEOTI, A. Afroturismo enquanto fator de equidade social e reconhecimento histórico da população negra no Brasil. Boletim de Conjuntura, 2023.

  • DIASPORA.BLACK. Plataforma de Afroturismo e hospedagem afrocentrada. Disponível em: https://diasporablack.com/.

  • TEIXEIRA, A. S. Afroturismo e o resgate da dignidade do povo negro: Estudo de caso das manifestações culturais da Casa de Oxum na Península de Itapagipe - BA. Universidade Federal da Bahia, 2023.





 
 
 

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