Menos papel, mais exclusão no turismo de base comunitaria?
- Cristiano L Cazarotto

- 20 de set.
- 2 min de leitura

Como Agente Transformador de Comunidades, tendo como foco principal o Turismo de Base Comunitária, vejo essa evolução no setor Hoteleiro com um misto de otimismo e uma dose de cautela.
No turismo de base comunitária, o foco está sempre nas pessoas, nas experiências genuínas e no desenvolvimento local, e é por essa lente que analiso a chegada da Ficha Nacional de Registro de Hóspedes (FNRH) Digital.
UM PASSO RUMO À EFICIÊNCIA E À QUALIDADE
Não há como negar os benefícios da informatização e da digitalização. A Portaria do Ministério do Turismo, ao regulamentar a diária de 24 horas e a obrigatoriedade da ficha eletrônica, dá um passo estratégico e cria um movimento inteligente.
Para o hóspede, essa mudança é uma vitória. O tempo que se perdia na recepção, preenchendo papelada, agora pode ser dedicado a aproveitar a viagem, seja explorando a comunidade ou apenas relaxando. Essa fluidez no processo de check-in é, sem dúvida, uma melhoria na experiência do viajante, e isso é o que move o turismo.
Além disso, a padronização e a exigência de higienização são fundamentais para elevar a qualidade do serviço. Isso traz um movimento de sensação de segurança e previsibilidade, elementos que fortalecem a confiança do turista no setor.

O DESAFIO DA CONECTIVIDADE E DA INCLUSÃO
A minha principal preocupação, porém, está na conectividade. Para que essa iniciativa funcione, a integração entre a plataforma do governo e os sistemas de gestão dos hotéis e pousadas é essencial. E é aqui que entra o grande desafio para o turismo de base comunitária.
Muitos empreendimentos ligados ao setor do turismo de base comunitaria operam com recursos limitados e nem sempre têm acesso a sistemas de gestão sofisticados. A tecnologia deve ser uma ferramenta de inclusão, não de exclusão. Se a implementação for complexa ou cara, corremos o risco de deixar de fora justamente os pequenos negócios que são o coração do nosso turismo brasileiro.
O sucesso da FNRH Digital depende de um esforço conjunto. O empreendedor do turismo, principalmente os menores, precisa ser proativo, exigindo que os provedores de tecnologia garantam uma conexão fluida e acessível. Ao mesmo tempo, o governo e as entidades do setor precisam oferecer suporte e soluções simplificadas para que ninguém seja deixado para trás.
Acredito que, com a colaboração e o foco na tecnologia como um meio para fortalecer a base, essa iniciativa pode ser um marco. Ela pode não apenas modernizar o setor, mas também impulsionar o turismo de base comunitária, tornando-o mais visível e eficiente, sem perder a sua essência. A FNRH Digital tem o potencial de liberar o tempo do empreendedor para o que realmente importa: a relação com o hóspede e a experiência que só o turismo de base comunitária pode oferecer.tempo do empreendedor para o que realmente importa: a relação com o hóspede e a experiência que só o turismo de base comunitária pode oferecer.







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